Across the whale in a month (6): da planicie a montanha, da religiao aos cassinos...
Diplomacia e Relações Internacionais

Across the whale in a month (6): da planicie a montanha, da religiao aos cassinos...


Percorremos, Carmen Licia e eu, mais de mil milhas nos últimos três ou quatro dias, das planícies da caipirolândia americana, onde se roda centenas de milhas com milho dos dois lados (literalmente), até o lago salgado dos mormons, e os cassinos dos pecadores de Reno, Nevada, depois de cruzar montanhas e mais montanhas, entre Utah e este estado de virtudes burguesas, embora não as melhores.
Eu ainda tinha ficado devendo, nos meus posts 4 e 5 desta série, uma descrição do trajeto entre o estado de Nebraska e Utah, bem no coração dos Estados Unidos.
Carmen Lícia e eu tínhamos saído de Kansas City, no dia 18, quarta-feira, com duas paradas no caminho, em direção a Salt Lake City, Omaha, a mais populosa cidade do estado de Nebraska, e sua pequena capital, Lincoln, de que já falei no post 4 da série. Acabamos tendo de parar numa cidadezinha de cowboys, Ogallala, porque estávamos recebendo mensagens de inundação. De fato, ao lado do nosso hotel (onde chegamos de noite, e nem percebemos), o rio estava subindo, com águas recebidas do Colorado, onde as inundações foram de fato destruidoras. Por isso, aliás, desistimos totalmente de ir a Denver e Boulder, como planejado anteriormente, e subimos do Missouri direto para o Nebrasca, com uma pequena incursão no Iowa, contornando totalmente o estado do Colorado, pobrezinho.
De Ogallala viajamos todo o dia de quinta-feira, 19, cerca de 600 milhas, até chegar na capital do Utah, Salt Lake City, já pela noite. Atravessamos por inteiro o estado do Wyoming, cuja capital, Cheyenne, visitamos. Em várias paradas do caminho, atravessando o estado, foi comum encontrar homens de botas com esporas, mesmo dirigindo suas imensas camionetas. A cultura do cavalo, do chapéu de cowboy e de certos símbolos ligados à conquista do Oeste são visíveis, mesmo em crianças pequenas. Afinal de contas, estamos no Oregon trail.
Saímos das planícies do Middle West para as montanhas de Utah, subindo várias vezes, até descermos para as margens do grande lago salgado que dá o nome à cidade, capital do estado.
Postei, sob número 5, a foto da imensa catedral (não visitável) dos Mormons, no Temple Square, onde estivemos na sexta-feira, 20/09/2013, visitando vários outros prédios da Igreja dos Santos dos Últimos Dias, a denominação oficial.
Aqui vai outra foto (feita com os recursos limitados do meu iPhone) da imensa catedral, de 1895, construída com imensos sacrifícios pelos mormons, numa fase em que a cidade era quase uma aldeia.
Os mormons são muito simpáticos, prestativos, sorridentes, agradáveis, na sua missão incansável, mas não intrusiva, de converter incautos e outros tementes a Deus, o que não é o meu caso. Mas eles não grudam, nem incomodam, como certos evangélicos chatos que se encontram em todas as partes, principalmente no Brasil.
Em todas as partes, pelo menos no Temple Square, você encontra duplas femininas, entre 18 e 25 anos, jovens de todas as partes do mundo, carregando materiais de informação, e uma bandeira na lapela, com o nome e a bandeira do país que representam, sempre sorridentes, solícitas, dispostas a ajudar com qualquer informação. Os mais velhos conversam sobretudo, e inevitavelmente perguntam de onde viemos, e se precisamos de algo.

Impressionante as construções da cidade: modernas, bonitas, estilo executivo. Já os edifícios religiosos são igualmente modernos, com exceção da catedral e de outra igreja local, mas os centros de recepção de "turistas" poderiam ser assinados por qualquer arquiteto de primeira linha, com a exceção de praxe: interiores kitsch, absolutamente brega, Jesus Cristo estilo final do século 19 e várias pinturas que estão entre o tosco e o naïf.
Toda a cidade é muito limpa, incrivelmente organizada, ordeira, pacífica, com um comércio excelente (visitamos o Shopping, que parece ter participação acionária dos mormons) e almoçamos num restaurante italiano-americano. Parece que 80 por cento da população do estado é mormon, mas ao que sei a poligamia já foi banida há muito tempo, desde o final do século 19, e os que a praticam não tem nenhuma condescendência da Igreja ou de seus chefes.
Não encontrei livrarias, pelo menos daquelas que eu gosto, o que já diminuiria meu ímpeto de mudar-me para Salt Lake City, mas sob todos os demais critérios a cidade é extremamente agradável. Fomos à Universidade, um campus moderno, muito bem construído, ao museu de História Natural, e ao imenso Capitólio. Passeio proveitoso, durante todo o dia. Recomendo pela cidade, e o templo é um extra, estilo curiosidades culturais...

Sábado, 21, foi mais um dia de estrada, desde Salt Lake City até Reno, já na extremidade do Nevada, quase chegando à California. Foram mais de 500 milhas de estrada impecável, numa paisagem monótona pelos seus "desertos", ma verdade, uma vegetação rasteira o tempo todo, colinas com escassa vegetação, e muita montanha. Antes, porém, o imenso, enorme, gigantesco lago salgado, onde Carmen Lícia fez esta foto minha, posando na beira do lago salgado, ao fundo um barquinho singrando nas águas azuis.
Não apenas em volta do lago, mas em diversas outras pequenas lagoas salgadas, a indústria predominante é... obviamente, a do sal, com grandes pirâmides brancas e outros depósitos acumulados ao longo da estrada, durante muitas milhas.
Depois, é só montanha (não Himalaia, pois já estamos ao norte das Rochosas, mas ainda assim montanhas razoáveis, com vários passos e cartazes para o uso de correntes ou pneus de neve). Estada reta, com poucas curvas (nas subidas de montanhas) e paradas ao estilo americano do interior: rústico, sem o charme das estradas europeias, sobretudo sem o refinamento da gastronomia europeia.
Quem não tem cão, caça com gato, no caso hamburguers, wraps e saladas.
Reno é, provavelmente, a antípoda de Salt Lake City: voltada para os cassinos, para todos os vícios, ao que parece, e com fama de fazer casamentos em 20mns, sem muitas perguntas.
Ainda não descobrimos a cidade, com exceção de um rápido passeio pelo centro, com todos os cassionos iluminados atraindo milhares de jogadores de aventura ou viciados.
Não pretendo apostar um níquel, sequer um penny em qualquer máquina que seja, mas nunca se deve dizer nunca. Pode ser que a sorte me tente, rapidamente resultando no azar, o que acontece invariavelmente com 99pc dos apostadores.
A ver, neste domingo 22, se por acaso, tivermos disposição para tanto.
A intenção seria entrar na Califórnia rapidamente, para espairecer um pouco nos vinhedos de Napa Valley e nas margens do Pacífico.
A viagem continua...

Paulo Roberto de Almeida
Reno, 22/09/2013





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